quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

O ouro



Na bateia, o ouro...
As fotos agradeço ao Paulo do IDAM

A grota

Não dá para se ter idáeia da devastação do garimpo por pequenas e poucas fotos. Mas a mecânica é simples. Geralmente o ouro é descoberto no rio. aí que começa o garimpo. Imediatamente oa garimpeiros começam a garimpar nas margens. Aí usam um maquinário pesado e relativamente simples para transformam em lama a terra que é peneirada diversas vezes. O trabalho com a bateia vai separando o ouro da lama. Num garimpo não trabalha só o cara que tira ouro - já disse que um "setor de serviços" rústicos havia tomado forma no Eldorado. Mas mesmo no trabalho direto de garimpagem existe uma divisão do trabalho. nem todos os 4 (ou 6) mil pessoas que estavam no garimpo são donas de suas grotas. muitas trabalhavam para o dono da grota - geralmente da primeira leva de descobridores do garimpo.

Ainda o garimpo


No garimpo, aous poucos vai se montando toda uma infra-estrutura necessária à atividade: supermercados, cabanas cobertas com plástico e amarrado às árvores.. Também putas, cantinas, pequenos restaurantes, mesa de sinuca. A sujeira é tremenda. Imaginem 4 mil pessoas fazendo suas necessidades no meio do mato. O garimpeiro é um tipo humano ainda pouco conhecido, nas cidades grandes entram no rol dos tipos brasileiros lendários. Conheci dezenas. Aventureiros, donos do seu nariz, esforçados e trabalhadores. Um conhecido garimpava na Guiana com lama pelo peito. Outro, andou tres dias pela floresta fechada atrás dum garimpo no Pará. Já outro havia garimpado mais de 4 quilos de ouro numa semana até que a polícia invadiu o garimpo e roubou o ouro de todo mundo sob ameaça de morte. No Mato Grosso ser garimpeiro é sinônimo de ser desordeiro: "teve festa na comunidade mas teve briga porque tinha muito garimpeiro".

Na foto aí de cima podemos ver a grota...

No garimpo

Poucas fotos do garimpo. leonardo tem bem mais. Mas no Eldorado montou-se uma autêntica cidade. Quando se chega no local, a impressaõ que se tem é de estar chegando em outra cidade. A capacidade destruidora de um garimpo é enorme. As pessoas são como gafanhotos na mata, fuçando a terra, destruindo tudo, arrancando o ouro da terra com pressa, atenção, tensão marcada no rosto. Na FLONA do tapajós, os caboclos contam que a floresta avançava até o meio do rio em varios trecos que margeiam a floresta - eles para chegarem ao rio, saiam da margem e atravessavam igapós. Hoje o Tapajós tem prais brancas enormes. O mercurio usado nos garimpos de Itaituba além de envenenar os peixes, destruiu a floresta.

O garimpo


“O garimpeiro chega em qualquer lugar”, nos disse uma amiga ainda em Porto Velho. Com efeito ela, trabalhando com indígenas tem testemunhado diversas terras pertencentes a estes povos sendo invadidas por garimpeiros e alvo da ambição dos grileiros. Geralmente os garimpeiros são a bucha-de-canhão da ação dos predarores mais organizados. Em Apuí havi sido descoberto um garimpo. Quando cheguei em casa lá estavam 2 paginas n´”O Globo” sobre o “Eldorado da Amazônia” ou “Eldorado do Juma”. Para se chegar lá, pega-se uma estrada de uns 60 quilômetros. Depois voadeiras nu autêntico "ponto de ônibus" para o garimpo.



Apuí

Esta é mais uma cidade do sertão do Amazona, perto da divisa com o Pará.
A maior parte da população da cidade é formada por “sulistas” que aqui chegaram como parte das levas de colonizadores na Transamazônica da Ditadura Militar. Cidadezinha planejada, pequena - suas ruas são transversais à estrada como parte de loteamentos. Apuí, porém, tem um comerciozinho pequenos. destaque para o número de hotéis na cidade. Há alguns poucos meses, a descoberta de um garimpo fez a cidade ser invadida por garimpeiros. A maior parte dos moradores da cidade estavam garimpando. Sábado de manhã, costumeiramente, as cidades pequenas ficam cheias de gente para a feira semanal: o povo vem da roça trazendo seus produtos, entopem o comércio local se abastecendo de produtos antes de retornarem. mas Apuí estava vazia. Sábado a noite, porém, as pensões, hoteizinhos, restaurantezinhos estava já lotadas de pessoas novamente.

O Juma

Perto de Apuí fica o rio Juma. Um bonito rio, dos mais bonitos que eu já vi. talvez na expectativa de chegar logo á cidade, paramos pra fotografar e olhar o rio. O cansação já batia duro. ver o Juma foi emocionante

Terras indígenas

Atravessamos a terra indígena Tenharim. Leo fotografou as aldeias. Mas eles cobram para fotografarmos. Do mesmo modo, cobram um pedágio para passarmos pela terra deles. Uma medida de prevenção digamos, afinal a terra é deles. Há insatisfação dos moradores da região que tem que circular pela Transamazônica com este pedágio. Porém, diversos grupos foram dizimados na construção desta e outras estradas pela Ditadura. na Cuiabá-Santarém, uma tribo inteira de mais de mil pessoas foi dizimada em menos de dois anos quando da construção da estrada. Na hidelétrica de Tucuruí, foi um crime o que fizeram com os Parakanãs. Não são 15 reais que a sociedade brasileira deve a estes povos.

Nas margens da Transamazônica...


testemunhamos varias areas desmatadas para criação de gado, numa espiral ao longo da estrada. O unico local onde havia ainda floresta pouco mexida era na área indígena Tenharim que atravessamos em direção a Apuí. No desertão da estrada, só gado. Não vimos gente. Um milagre. Bois derrubando a mata.


O rio Aripuanã


Já estávamos longe de Humaitá nos aproximando de Apuí. Atravessamos o rio Aripuanã de balsa. Um pouco à frente um campo cujos grãos haviam sido colhidos recentemente. Tão longe. O preço da terra facilita a chegada do “progresso”. Os “sulistas” compram a terra e vem fazer fortuna na Amazônia. Um gaúcho disse a mim e Ailton já em Apuí que o preço da fazenda dele na região não daria para ele comprar nem 10% de terras no Rio Grande do Sul. Na foto, lá embaixo a curva do rio Aripuanã na outra margem a floresta. detalhe: para chegar ao local onde tiramos esta foto, passamos por um campo já colhido de soja.


O rio Madeira


O Madeira é o rio mais carregado de sedimentos do planeta. Suas águas são barrentas, dá pra ver o barro em suspensão na água do rio. Um rio bonito, importante, com muita população nas margens. Também agora vetor de "progresso" - a hidrovia do Madeira vai ligar os campos produtores de grãos de Rondônia e sul do amazonas com o porto exportador de (porra eskeci o nome) perto de Manaus


Floresta, estrada, madeira, pasto – no futuro grãos (?)














Esta foto ai de baixo e paradigmática da ocupação predatória da amazônia. Lá está a floresta com sua majestade. Aí o “progresso” traz a estrada que facilita a ocupação humana. No rastro vem o madeireiro que preda a floresta de espécies de madeira com valor comercial. em conluio com este está o grileiro de terras públicas que esquenta terras do governo para fazendeiros. Após o madeireiro tirar a madeira, o fazendeiro “broca” (derruba a floresta) e a queima. Planta pasto, põe o boi. Se tem população na área? Isso é o de menos. É só expulsa-la.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

De Humaitá pegamos horas sem fim em direção a Apuí

Ao longo da BR-230 (Transamazônica), fomos testemunhando a devastação para criação de gado principalmente. Mas também lugares aboslutamente incríveis, como este igarapé de baixo. Os rios são cristalinos as águas são de um chumbo escuro e de um frescor que não tem tamanho. Determinada altura não resistimos e paramos... Doce cansaço...Ai embaixo vcs vêem a molecada tomando banho. O careca brancão é o Leo.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Humaitá

Humaitá
Esta cidade do sul do Amazonas possui um alto índice de desmatamento. As áreas de cerrado no entorno da cidade já estão fortemente impactadas. Mais uma vez o responsável aqui é o “progresso” que chega à fronteira com força, modificando a vida da população de modo contraditório. Por um lado, para a população mais urbana, a cultura de grãos e a pecuária representa o progresso, esperança de melhoria de vida, geralmente pelas atividades rurais não agrícolas que advêm do agronegócios. Para a população rural ou tradicional as vantagens são poucas e as externalidades negativas são fortíssimas.