sábado, 22 de dezembro de 2012

A emergência de uma cultura econômica alternativa na Amazonia

Ola a todos/as
época de natal, me sinto tentato a fazer uma postagem água com açúcar. resolvi então falar de coisas leves e ao mesmo tempo sérias.
Lendo uma entrevista recente de Manuel Castells, o cara dizia uma coisa bem interessante que tem tudo a ver com o trabalho que fazemos na Amazônia e que não está sendo refletido com acuidade por nós todos/as.
Ele fala que, está emergindo "culturas econômicas alternativas", no caso europeu, motivadas pela grave crise econômica em que se debate aquela parte do mundo: "São práticas econômicas, mas que não são motivadas pelo lucro – redes de escambo, moedas sociais, cooperativas, autogestão, redes de agricultura, ajuda mútua, simplesmente pela vontade de estar junto, redes de serviços gratuitos para os outros, na expectativa de que outros também proverão você. Tudo isso existe e está se expandindo ao redor do mundo." Engraçado é que os pensadores do centro e da periferia, descobrerm a roda. A chamada "economia social em Portugal", há 8 anos atrás era 30% da eocnomia, norte da Italia e por ai vai. Continua o Manuel: "Na Catalunha, 97% das pessoas estavam engajadas em atividades econômicas não-capitalistas. Bem, estão entre 30-40 mil os que são engajados quase completamente em modos alternativos de vida. Eu distinguo pessoas que organizam a vida conscientemente através de valores alternativos de pessoas que têm vida normal, mas que têm costumes que podem ser vistos como diferentes, em muitos aspectos. Por exemplo, durante a crise, um terço das famílias de Barcelona emprestaram dinheiro, sem juros, para pessoas que não são de sua família." No Brasil temos a economia solidária com um leque de milhares de empreendimentos econômicos solidários ao redor do Brasil experimentando formas invadoras de organização. O ultimo ingrediente acrescentado por Manuel Castells é a sociedade em rede.
Portanto, desafios se colocam para o ano de 2013 nas nossa prática no sul do Amazonas: evitar que as formas de reprodução da vida das populaçoes com as quais trabalhamos se descolem de suas formas de sociabilidade; fazer com que o desenvolvomento local seja calcado nesse amálgama e, finalmente, pensar novas institucionalidades capazes de dar conta desse desafio de modo criativo.
Feliz natal!

domingo, 16 de dezembro de 2012

Sobre o risco de não se avançar mais por puro cansaço...

Ola a todos/as
domingo de manhã, dia abafado no Rio de Janeiro resolvi postar tematizando algo que tem me incomodado de uns poucos dias prá cá que é o perigo da acomodação metodológica, vamos chamar assim.
Após seis anos de trabalho no sul do Amazonas, eu muitas pessoas com quem trabalho estão extremamente cansadas e essa exaustão está fazendo com que nós percamos o tino. É muito comum em trabalhos semelhantes ao que fazemos na amazônia, que, num determinado momento, se chegue a uma espécie de teto e nós nos vejamos fazendo bem o que sempre fizemos sem percebermos que estamos engessados. É a hora de reinventar tudo como intervenççao e como profissionais.
Esse tipo de situação nos leva a consequencias.
Uma é quando circulamos em torno de uma práxis que se tornou rotineira, elemento que torna mais dificil rupturas metodológicas desejáveis. É neste momento, que nos agarramos a formatos de intervenção social consagrados ou tradicionais ou costumeiros que tomam ares de novidade ficando pautados e amarrados.Isso acontece muito com quem trabalha com associativismo de base comunitária. Ora, se percebemos a potencialidade do associativismo para sustentar processos políticos importates, muitas vezes deixamos de perceber que, ao lado destas organizaçoes tradicionais, formatos outros podem nascer, estão em sementes, são potenciais. Obviamente formatos organizaconais "antigos" podem ser reiventados é claro, mas não podem nem devem ser consagrados.
Assim, muitas vezes, perdemos nossa capacidade de criação e inovação, não avançamos nas tecnologias sociais, mas nos contentamos a fazer bem o mesmo e aperfeiçoar o consagrado - o problema que se coloca é com a resistência do tradicional em se renovar.
Outro perigo é padecermos da síndorme do morto muito doido, vcs ja viram esse filme ridiculo mas engraçado? Três caras, um deles morre e os outros dois ficar carregando o falecido como se ele estivesse bêbado porque ninguém podia saber que o cara havia morrido.
Transversalmente, nós agentes que trabalhamos com grupos populares, na Amazônia ou fora dela, temos que ter consciência de nosso ponto de exaustão, ou seja, quando não conseguimos dar mais nada por esvaziamento de perspectivas, por gosto de desafio, por vontade de voar pra outras árvores ou consciencia da incompetência e inadequação para o momento em que estamos vivendo naquela intervenççao social. A competência política de atores sociais com forte interação com populações e povos tradicionais, com grupos populares de vários tipos e formatos, depende de nossa capacidade ou vontade de subverter nossa práxis em direçao ao "novo".