terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Muitas perguntas...


Eu, Ailton e Leo só tínhamos dúvidas...Que bom, dizia o Bourdieu que o negócio é não se preocupar com as respostas certas mas com as perguntas corretas. Como passar da resistência à insurgência? Será esta estratégia de reforçar a sociedade civil capaz de conter ou amenizar o desmatamento? As respostas virão, aos poucos, é preciso ter paciência, por incrível que pareça... O importante é estar do lado certo.

A cara do Brasil

Me lembro de uma música do Milton Nascimento que dizia que " a novidade é que o Brasil não é só litoral/ é muito mais, muito mais que qualquer zona sul/ ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil/não vai fazer desse lugar um bom país".
Tivemos uma reunião com as organizações agro-extrativistas do município de Lábrea na sede do sindicato dos Trabalhadores Rurais local. Engraçado, me lembrei daquela palavra de S. Paulo que fala da “loucura de Deus”. Se não me engano ele falava que o que é sanidade diante dos homens é loucura diante de Deus. E o que os homens interpretam como loucura é, na verdade, algo muito são e querido diante de Deus. Olhando o rosto daquele povo minha fé foi posta à prova mais uma vez: “O que pode este povo de ribeirinhos, pescadores, indígenas, coletores, agricultores contra a força do Capital que está transformando a Amazônia em mercadoria”. Mas ai...E daí? Eles podem mais que nós. Olhando pra trás nós testemunhamos que é a firmeza dos pequenos que têm detido ou atrapalhado o avanço das forças da destruição e que tem arrancado conquistas a ferro e a fogo.

A cara do Brasil

Me lembro de uma música do Milton Nascimento que dizia que " a novidade é que o Brasil não é só lirotal/ é muito mais que qualquer zona sul/ ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil/não vai fazer desse lugar um bom país".
Tivemos uma reunião com as organizações agro-extrativistas do município de Lábrea na sede do sindicato dos Trabalhadores Rurais local. Engraçado, me lembrei daquela palavra de S. Paulo que fala da “loucura de Deus”. Se não me engano ele falava que o que é sanidade diante dos homens é loucura diante de Deus. E o que os homens interpretam como loucura é, na verdade, algo muito são e querido diante de Deus. Olhando o rosto daquele povo minha fé foi posta à prova mais uma vez: “O que pode este povo de ribeirinhos, pescadores, indígenas, coletores, agricultores contra a força do Capital que está transformando a Amazônia em mercadoria”. Mas ai...E daí? Eles podem mais que nós. Olhando pra trás nós testemunhamos que é a firmeza dos pequenos que têm detido ou atrapalhado o avanço das forças da destruição e que tem arrancado conquistas a ferro e a fogo. Como passar da resistência à insurgência? O resultado dessa luta? Quem sabe? O importante é estar do lado certo.

Uma casa....


Cada região sua arquitetura. Em Boca do Acre e Labrea, as tradicionais casas de madeira. A pintura é bem kitsc, dá um ar meio Andy Warhol a aquelas cidades tão fantásticas, parece que Lábrea e Boca do Acre saíram de um livro do Gabriel Garcia Marquez, bem diferentes de Humaitá... A foto está mal tirada mas reparem o comércio do lado esquerdo e a casinha mais pobre do lado direito

Lábrea, Amazonas


Esta é Lábrea, cidade situada nas margens do Rio Purus no sul do Amazonas. Típica cidade da região, ainda sem sentir tão duramente o impacto dos “agentes do progresso” vindos, geralmente do sul do Brasil.
Uma cidade sossegada, ainda bastante isolada – nela se chega pelo rio Purus, por avião ou pela precarissima Transamazônica. Sim, Lábrea é o final da Transamazônica, literalmente o fim da picada.
Mas tem um ovo fantástico de maravilhoso. Comunidades bem organizadas, com um tecido organizativo diversificado – encontramos o CIMI, a CPT, CNS, GTA, a Prelazia de Lábrea, Sindicato de trabalhadores rurais em inúmeras comunidades agroextrativistas ao - longo dos rios Purus e Ituxi. Mas uma galera resistente, organizada.


Voando para Lábrea....







Voando de Rio Branco para Lábrea (no sul do Amazonas), pudemos ter um sobrevôo obre a devastação crescente da floresta amazônica na região. Imensas clareiras surgiam no meio da floresta. As vezes o horizonte estava todo florestado, de repente aquela imensidão queimada ou já plantada de capim.
Alguns desmates seguindo o caminho das estradas (foto) um dos grandes vetores do desmatatamento na Amazônia – outros simplesmente no meio do nada. Como esses madeireiros chegaram ali meu Deus? Parecem ter caído de pára-quedas no meio da mata. Mas não é não, e que o caminho da grilagem de terras públicas chega longe e para o grileiro não existe distância. Assim, ele vai levando mais longe o “progresso”. Depois dele, o madeireiro e o fazendeiro. A floresta que se foda. E com elas os agricultores, ribeirinhos e indígenas. Para quem acredita que é impossível desmatar uma floresta tão pujante como a Amazônica é so ver algumas fotos que pus aí...


Finalmente.....


No dizer de um velho amigo, as organizações do povo mais pobre são que nem fogo no monturo. Não morre, fica ali fermentando. Vem a chuva, vem o sol, aquele calor escondido no monturo não se apaga. A forma como renasce a sociedade civil é diferente de anos atrás. Creio que o que pode acontecer naquele mundo de Boca do Acre é que aquele povo que está organizado, mas disperso continue organizado, mas outras bases, sempre criativas, mas certamente considerando questões que nos tempos de nascimento daquelas organizações não eram colocadas. Acho que é aí que está depositada a esperança deles. E a nossa também. E a da floresta também.

A CAEAP....


Preocupados com a produção, geração de renda etc, criaram a CAEAP – Central dos Agricultores Agroextrativistas do Acre e Purus – com o objetivo de comercializar a produção agroextrativistas da região. Funcionou por cerca de 5 anos aos trancos e barrancos. Mas funcionou. Porque não existe mais? Questões deles, não cabe colocar aqui.

O pagamento de renda...

Há 15 anos atrás os camponeses tinham que pagar renda a supostos donos da terra. Estas lideranças organizaram uma base amplíssima e se insurgiram contra a cobrança de renda. Tinham que se esconder, tomar caminhos escondidos no meio do mato para não morrer. Certamente uma luta desigual – um povo desarmado contra os coronéis armados e truculentos. Hoje ninguém mais paga renda naqueles lados do Purus.

Histórias fragmentadas...

As organizações populares são que nem um cristal, são muito débeis, seus processos de amadurecimento são ímpares, não existe teoria de RH ou de DI que dê conta disso. Feita de fluxos e refluxos, o fato é que a história deita suas sementes e só depois de muito tempo elas vêm a germinar. Boca do Acre faz parte da grande diocese do Acre e Purus, que teve um bispo heróico – D. Moacir Grecchi. E a resistência começou muto do trabalho da Igreja naqueles locais. Me lembro há muitos anos atrás quando eu ainda tinha cabelo preto, que escutava falar nas lutas dos ribeirinhos do Acre e Purus. E anos depois eu, já com cabelos branco, testemunho o que restou daquelas lutas. Restaram fragmentos. Retalhos de História, bonitas vitórias que aquele povo tem.

Boca do Acre tem história....


Sempre achei que o trabalho com grupos populares é mais uma troca entre bons contadores de história. Em vários momentos de nossas atividades com o pessoal de Boca do Acre, e de resto em outros municípios, ocorreu, por parte deles, uma contação de sem fim. É difícil que pessoas de fora desatem o fio da memória destes grupos, mas em vários momentos nós conseguimos. Eles abriram o jogo de suas debilidades tanto mais sentiram firmeza nos seus interlocutores. Nós éramos estranhos. Mas começaram a pensar em voz alta, a avaliar suas questões, a problematizar nossa proposta em relação a suas debilidades.
Na foto, algumas lideranças de Boca do Acre (da esquerda, Cosmo, Chuiquinho, Leo (CSF), Vito, Ailton (IIEB), Silvia. Fotografando estava o Marcos).

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Modos de vida

Visitamos o Lago Novo em Boca do Acre. Uma lagoa extensa nos arredores da cidade. esta lagoa e ligada ao rio Purus. Ao lado tem um lixao onde a prefeitura despeja toda a pdridão produzida pela cidade, contaminando o lago, atrapalhando a vida de mais de 50 familias. Quase fui comido vivo pelos micuins...Nunca me coçei tanto na minha vida.

Numa das fronteiras do desmatamento

Boca do Acre tem cerca de 60 mil habitantes, fica na divisa entre Acre e Amazonas. por aki sobe uma da fronteiras da soja, do gado, do latifundio, do desmatemento portanto. Esta cidade é pequena mas o municipio deve ser do tamanho de alguns paises europeus. Ainda tem mata. mas ela está acabando a passos largos. Mas tem esperança. A maior são as inumeras organizações populares que existem aki.

Lábrea, sul do Amazonas

Bem, finalmente já estou no sul do Amazonas. Meus companheiros são o Ailton do IIEB e o Leonardo do CSF - ambas organizações ambientalistas. Tive outro companheiro de viagem, o Marcos, que passou mal e voltou pra casa. Passamos os primeiros dias em Boca do Acre - cidade pequena, no entroncamento dos rios Acre e Purus. É perto de .lá que fica do Céu do Mapiá, a comunidade fundadora do Santo Daime. Foi muiot interessante a estadia em Boca do Acre. Pude rever organizações antigas na luta pela terra e contra a escravcidão nestas terras amazonicas. Sexta saimos de lá e fomor prá Porto Velho. Dia seguinte outro avião para Lábrea. É onde estou agora. depois eu vejo de mandar algumas fotos.
Ontem e hoje tivemos muito trabalho. Ontem aconteceu algo gozadissimo. Assim que chegamos à cidade, fomos para uma reunião com organizações agro-extrativistas da região. meio da reunião, entra no recinto um senhor baixinho de cabeça branca e sotaque estrangeiro. No final da reunião ele se aproximou de nós. Nos cumprimentou e eu perguntei: "O senhor é o padre da praóquia?" Ele me respondeu:"Não, sou o bispo da prelazia". Que bom né? Aqui ness rincão lá estava um bispo dos velhos e bons tempos.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

No Igarapé do Anta



Esta foto detonadfa ai de cima é do Igarapé do Anta (Santarem, interior do Pará). Uma pequena amostra do questá se dando na Amazonia. Local de dificil acesso, ao lado da Cuiabá-Santarem, estive lá em dezembro. Fazndo uma oficina. Amanha falo mais disso. An verdae to testando a colcoação de fotos (rs)

domingo, 7 de janeiro de 2007

Acabaram de me perguntar

um guri aqui do meu lado acabou de me perguntar que barca é essa que eu falo na minha apresentação. É um poema de Agostinho Netto que posto aqui.


No Povo encontramos a Força

Não basta que seja pura e justa a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós.

Dos que vieram e conosco se aliaram muitos traziam sombras no olhar e
intenções estranhas.

Para alguns deles a razão da luta era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo como uma lança.

Para alguns outros era uma bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enche-la com coisas sujas inconfessáveis.

Outros viemos.
Lutar para nós é ver aquilo que o povo quer realizado.
É ter a terra onde nascemos.
É sermos livres para trabalhar.
É ter para nós o que criamos
Lutar para nós é um destino,
é uma ponte entre a descrença e a certeza de um mundo novo.

Na mesma barca nos encontramos. Todos concordam, vamos lutar.
Lutar para que? Para dar vazão ao ódio antigo?
ou para ganharmos a liberdade e ter para nos o que criamos?

Na mesma barca nos encontramos, quem há de ser o timoneiro?
Ah as tramas que eles teceram! Ah as lutas que aí travamos!

Mantivemo-nos firmes: no povo
buscamos a força
e a razão.

Inexoravelmente
como uma onda que ninguém trava
vencemos
o povo tomou a direção da barca.

Mas a lição foi aprendida:

Não basta que seja pura e justa a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós.

Agostinho Neto

Começando um blogger

Começando a escrever.....
sempre achei essa parada de blogger o cúmulo da vaidade pós- moderna. Sinto um enjoo enorme. Assim artistas frustrados, poetas punhetas, escritores que não publicam hoje fazem seu blog e postam.
No meu caso - aí vcs que julguem ok? a vontade enorme era de falar dos lugares por ond etenho andado.
Faz (ou fazem) mais ou menos sete anos, que a Providência tem me agraciado com a opoertunidade de andar pelo Brasil, pelo interior e pelas capitais testemunhando o florescer da Vida no meio da Morte, as formas como o povo miúdo, trabalhador e fudido resiste à sanha des-dignificadora do Capital.
Associações e sindicatos de trabalhadores rurais, Economia Solidaria, população tradicional - ribeirinhos, seringueiros, grupos indígenas de toda Nação são alguns dos companheiros desta viagem. Nas cidades, de novo o povo dos Empreendimentos Solidários, associações de moradores, cooperativas, grupos informais são outros caminhantes.
Assim, tenho visto e admirado formas de se organizar, problemas der todo tipo, soluções criativas lá na base da sociedade.
Além disso é bom conhecer um Brasil que a maioria dos urbanóides não conhece.
Portanto, camaradas, antes de querer ensinar, quero aqui é compartilhar as minhas estupefãções, minhas dúvidas e minhas esperanças.
Bem vindos amigos/as